domingo, 6 de maio de 2012

Labirinto



Uma ponta: Enquanto eu vejo uma criança brincar com lápis e papel, desmorona em cima de mim uma lembrança das primeiras vezes que tive a percepção de que um desenho no papel criava um mundo inteiro, do jeito que eu quisesse. Aquilo que eu concebesse nas linhas de grafite podia ter qualquer forma que eu conseguisse dar. Essa ideia foi o presente mais valioso, dentre tantos, que recebi de meu padrinho-tio-avô Armando Sgarbi. Criar era assim, escorrer um risco sobre um plano. Magica maravilhosamente simples e poderosa.

A outra: De todas as mitologias, a grega foi a que me acompanhou desde sempre. Tenho a impressão de que leram pra mim “Os Doze trabalhos de Hércules” de Monteiro Lobato antes de eu nascer. Nesse mar de historias, foi delicioso pensar que havíamos (os humanos) inventado um ciclo perfeito: Criamos um monte de seres míticos cuja principal função era criar-nos. Um conjunto fantástico de imagens e historias birutas que evitam a razão e o pensamento e falam diretamente com o sonho.

Juntando as duas: Toda vez que ouço a palavra Criação, emendo com traço e mito. Foi dessa união que surgiu o espécime que aparece logo abaixo. Tinha sido batizado Minotauro, mas mudei o nome em homenagem a Jorge Luis Borges que me mostrou que era possível misturar as cores da logica e do verbo com aquelas do inconsciente e da vida.



A Casa de Asterion
desenho digital feito com o mesmo software de sempre