Explicar
é urgente, imperioso...parece que é sempre assim. Quantas vezes
vemos arroubos de paixão ou explosões de fúria serem transformados
em discurso coerente por explicações tão lógicas que quase chegam
a fazer sentido. Amores ou rancores virando bláblábá. Mergulhar
nu, sem proteção, no caos emocional? Dá um medo danado. Queremos a
superfície plana do pensamento concatenado, das causas e
consequências bem estabelecidas. Queremos poder gritar fiz tudo de
cabeça pensada, e quem não vê isso é idiota!
Queremos...?...
Queremos...?...
Sei
lá, porque gosto também bastante da ideia de que tudo é instável,
nebuloso e está o tempo todo se desmanchando. E de imaginar todos
nós fraquinhos, quase cegos, teimando de forma inusitada (corajosa?) em
continuar indo em frente(?) tropeçando-e-se-estabacando. Essa
teimosia é tão... e tanto... Assim é reunir um milhão de pessoas na rua e na praça, algo que surge pra mim na esfera da desciência, como um superlativo de correr
como louco, ou flutuar no sal do mar, ou olhar pro Sol.
Coisas que não cabem na palavra
Coisas que não cabem na palavra
Feito um grito
#pecadoriginal
desenho digital feito com o MyPaint