Uma
vez, um amigo me perguntou qual linguagem artística mais me
agradava. Sem parar pra pensar (pensei junto com as cordas vocais, eu
acho), fui falando em ordem: primeiro a Literatura – ler é um
prazer tão grande que precisa inventar um adjetivo pra qualificar;
logo depois vem o Cinema – fiz uma sala de exibição em casa e sou
capaz de assistir dez filmes seguidos; em terceiro...“Epa, péra
la” era meu interlocutor reclamando: “você não é pintor? Que
papo é esse de livro e filme?”
Pois
é, pintura, pra mim, tem uma importância infinita na hora de fazer,
mas quando eu sou plateia, não me toca tanto quanto um bom livro ou
filme. Sim, sim, claro que já me deliciei muito com tantos e tantos
quadros, desenhos e gravuras que atravessaram meu caminho. Pintar, no
entanto, especialmente com tinta a óleo, é uma ação que pertence
a outra esfera. Demoro muito em cada quadro, é um trabalho em que
estou sempre presente. Nada de ações mecânicas, cada passo com uma
solene obrigação de me conduzir para algum lugar...embora eu não
saiba aonde. Nesse ponto, reside o aspecto mais potente e exasperante
do processo: há um aprendizado ininterrupto que quase não deixa
respirar. É como pular de paraquedas o tempo todo.
Este quadro, que eu apresento agora, ocupa a parede principal de minha sala. Talvez porque foi durante sua confecção que percebi conscientemente esse sentimento que descrevi. Foi quando descobri que pintar era assim.
Este quadro, que eu apresento agora, ocupa a parede principal de minha sala. Talvez porque foi durante sua confecção que percebi conscientemente esse sentimento que descrevi. Foi quando descobri que pintar era assim.
Cinderella
oleo sobre tela 140 x 80 cm
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