sexta-feira, 9 de março de 2012

CNPq...e por aí vai


Meu pai, quando criança, foi muito, muito, muito pobre. Tinha um padrasto de contos de fadas, ou pior, e era obrigado a trabalhar de verdade desde os cinco anos pelo menos. Foi corajoso e forte, como só os pais e mães sabem ser, e superou todos os abismos e barreiras para se tornar uma das melhores pessoas que tive oportunidade de conhecer, alcançando uma doçura quase inacreditável em vista da dureza de sua vida. Não alcançou no entanto o deleite das artes. Esse foi um mundo em que eu acho que nunca mergulhou. Foi ser militar da Aeronáutica.
Meu pai também não era cientista. Era, no entanto, um entusiasta da ciência. Provavelmente, das ideias que ele dividia comigo na minha infância, a que adotei com maior cumplicidade foi sua crença quase religiosa no poder do pensamento cientifico, em sua capacidade de compreender e modificar o mundo e, principalmente, resolver todos os problemas da humanidade. Lembro que os primeiros livros que li, logo depois de deixar minha condição de analfabeto, faziam parte de uma coleção de divulgação de física para crianças e tinham os títulos 'O Átomo' e 'Magnetismo'. Esse meu inicio como leitor, além de me fazer parecer um extraterrestre aos olhos dos amigos da mesma idade, foi obviamente preponderante nas escolhas que me conduziram 'a carreira de Físico.
Esse blablablá inicial não está aqui, de maneira nenhuma, para apresentar as imagens postadas agora como representações dessa ou daquela ideia cientifica. Cruz credo! Tem, isso sim, a intenção de dividir com vocês um sentimento, ou uma fracão dele ainda presente no trabalho aí de baixo, que nasce na cabeça de um menino de cinco anos que vê maravilhado a beleza das ilustrações de Gustave Dore para o livro de Fabulas de La Fontaine e, ao mesmo tempo, pensa em como aquilo que ele segura, o papel e mesmo a tinta das gravuras, se constrói com zilhões e zilhões de prótons, elétrons e nêutrons.


Hubble
Desenho digital criado com TwistedBrush Open Studio

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