Desde que ouvi a frase
“Não me venham com a problemática que eu tenho a solucionática!”,
pareceu que ela servia exatinha pra descrever minha postura diante
das complicações e dos nós que, vira e mexe, acabam se metendo no
caminho. Mas as contradições moram em todo canto, e em outros
cômodos da minha vida as coisas não são bem assim. Por exemplo,
quando sou pintor ou leitor ou estudante de ciência ou de filosofia
ou estou passando por qualquer lugar ermo do pensamento abstrato, me
sinto infinitamente mais feliz visitando as regiões nebulosas do que
as ideias limpas e claras. É naquelas que eu quero mergulhar e me
sentir perdido, sabendo quase secretamente que dali a pouco pego uma
trilha e retorno à superficie.
E achei que ia ser
sempre assim, no mundo áspero do chão e do Sol eu escolhia a
RESPOSTA; já na esfera etérea das ideias e dos sonhos eu me
deleitava com as PERGUNTAS. Acontece que, se por acaso, vai que o
chão e o sonho se misturam? E aí? Como é que fica?
pergunta-ou-resposta?chão-ou-ideia?Sol-ou-sonho?
E de repente POW! A gente dá de cara na parede!
E aí cai, levanta sem
pelo menos dois dentes da frente e fica meio atordoado pra escolher
um rumo. Acho que nessa hora é que as pessoas viram gente grande e
“fazem o que têm que fazer”, seja lá o que for isso. Não tenho
certeza, mas desconfio que eu, em pé diante da encruzilhada, vou
sentir uma enorme vontade de ficar embalando as duas (ou tantas
quantas forem) desescolhas nos meus braços até o fim dos tempos e
do tempo...
estado fundamental
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