domingo, 6 de abril de 2014

Entropia e saio...


Nem sei dizer quando foi que eu vi, mas sei que em algum movimento da minha infância percebi o incrível presente que eram as palavras: recipientes mágicos que nos permitiam, com a mesma eficácia, inventar a imaginação e depois guardá-la. Entendi com muuuuita precisão que cada texto (todos e de quem quer que fosse) que se produzia aumentava o mundo da mesma forma que uma casa, uma rua, uma estrada... mas com a diferença que aquele se multiplicava por tantos quantos fossem seus leitores e mais. A sensação de estar agora mesmo, neste instante, expandindo o que HÁ (ainda que sem a preocupação da medida ou da modéstia de cada toque no teclado) é sublime e maravilhosa. Nesse mesmo rol, transitam as ações de oferecer um livro ou contar uma história...

Acho que é isso: esse é um resumo mais ou menos organizado do que me passou pela cabeça quando encontrei um arquivo (no meu quase extinto notebook) com um poema(??) que escrevi para presentear minha irmã há já nem sei quantos anos. Além das ideias, veio também um vislumbre que acabou sendo o motivo dessa postagem.


O Vento passava por todos os caminhos do Mundo
Preenchendo o vazio com seu quase vazio.
Misturava gotas e grãos na alquimia do acaso.
Intrigava com o próprio assovio
Sem verbo e sem tempo...

Os olhos e bocas, que já habitavam a vida,
Viam e murmuravam no ritmo da mastigação.

Toda história, então, aconteceu em três dias:

No primeiro, um grão roçou os olhos
E apareceu a lágrima.

No segundo, as folhas acariciaram a face
E veio o riso.

No terceiro, a menina perguntou quase sussurrando
Ei, vocês estão ouvindo a música do vento?

Prece

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