Nem sei dizer quando
foi que eu vi, mas sei que em algum movimento da minha infância
percebi o incrível presente que eram as palavras: recipientes
mágicos que nos permitiam, com a mesma eficácia, inventar a imaginação e
depois guardá-la. Entendi com muuuuita precisão que cada texto
(todos e de quem quer que fosse) que se produzia aumentava o mundo da
mesma forma que uma casa, uma rua, uma estrada... mas com a diferença
que aquele se multiplicava por tantos quantos fossem seus leitores e
mais. A sensação de estar agora mesmo, neste instante, expandindo o
que HÁ (ainda que sem a preocupação da medida ou da modéstia de
cada toque no teclado) é sublime e maravilhosa. Nesse mesmo rol,
transitam as ações de oferecer um livro ou contar uma história...
Acho que é isso: esse
é um resumo mais ou menos organizado do que me passou pela cabeça
quando encontrei um arquivo (no meu quase extinto notebook) com um
poema(??) que escrevi para presentear minha irmã há já nem sei
quantos anos. Além das ideias, veio também um vislumbre que acabou
sendo o motivo dessa postagem.
O Vento passava por
todos os caminhos do Mundo
Preenchendo o vazio com
seu quase vazio.
Misturava gotas e grãos
na alquimia do acaso.
Intrigava com o próprio
assovio
Sem verbo e sem
tempo...
Os olhos e bocas, que
já habitavam a vida,
Viam e murmuravam no
ritmo da mastigação.
Toda história, então,
aconteceu em três dias:
No primeiro, um grão
roçou os olhos
E apareceu a lágrima.
No segundo, as folhas
acariciaram a face
E veio o riso.
No terceiro, a menina
perguntou quase sussurrando
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